Artigo

Resolução para 2021 – Tratar das pessoas!

Desenvolver pessoas nas organizações

Um dos grandes desafios deste novo ano será, certamente, o de desenvolver competências críticas nas pessoas. Com o prolongar dos efeitos da pandemia a vários níveis, económico, político, social e, obviamente, pessoal, os responsáveis das organizações necessitam de desenvolver ações que permitam ir ao encontro do desafio tremendo de criar programas que facilitem este processo.

Reconhecer as competências críticas torna-se pois de extrema importância para que qualquer intervenção a este nível possa ter o desejado efeito. Mas não é suficiente. Sem a criação de movimentos internos para a sua adoção, a grande maioria destes programas fica condenado à partida ao fracasso. Temos, pois, um desafio suplementar a alcançar, o de identificar as competências críticas e o de desenvolver um programa de ação para a sua utilização, aprendizagem e, a parte crítica, o desafio de implementar com sucesso esse mesmo modelo, num curtíssimo espaço de tempo.

Estes dois desafios são complexos e estarão no centro das ações a promover nas áreas de desenvolvimento de pessoas das nossas organizações. A aceleração da transformação tecnológica, já em curso antes da pandemia, alcança agora uma nova dimensão, com a necessidade urgente de requalificar e elevar as competências, de um número cada vez maior de pessoas, em diversas organizações. Permitam-me reforçar a importância de três dessas competências: capacidade empática, pensamento crítico e resiliência.

A capacidade empática permite-nos “sentir” as pessoas, “ler” as dinâmicas organizacionais. Esta capacidade permite promover conexões entre as pessoas e o meio que nos rodeia. Podemos, frequentemente, não concordar com posições assumidas por outros, mas reconhecer a existência de diferentes posicionamentos, permite-nos conhecer os motivos, os factos, as emoções subjacentes à discórdia. Este momento é, muitas vezes traumático e difícil de ultrapassar, podemos sentir alguma dificuldade em ligar pontos relativos ao nosso conhecimento anterior, mas é por isso que a Resiliência é tão importante. Iremos, sem sombra de dúvida, precisar dela para redesenhar uma “nova realidade” e garantir, posteriormente, a construção de um posicionamento comummente aceite pelas partes envolvidas.

Este processo de conhecimento é lento e, muitas vezes, complexo. Para entendermos melhor as suas especificidades precisamos de promover o pensamento crítico e a análise de problemas complexos, antecipando cenários e promovendo ações de reflexão sobre as consequências das tomadas de decisão atuais. Para isso precisamos de equipas capazes de refletir sobre os problemas longe dos dogmas habituais.

Estas três competências são pilares nos processos de mudança efetiva. Qualquer ação que não as contemple terá uma forte probabilidade de falhar, logo no curto-prazo, e as nossas organizações não se poderão dar ao luxo de não agarrar a oportunidade que se nos afigura no horizonte próximo. Este ano precisamos de promover nas nossas organizações ações que visem aumentar os níveis de autonomia das pessoas e das equipas de trabalho, através do desenvolvimento de ações muito concretas e direcionadas para o desenvolvimento do sentido de pertença e espírito de Missão. Precisamos de pessoas que se movam no sentido de influenciar os seus pares positivamente, permitindo que o pensamento crítico e o desejo de pertença e reconhecimento seja desenvolvido e promovido. Precisamos, no fundo, de criar as bases para criar organizações onde as pessoas se sintam bem e se reconheçam nos seus valores e objetivos, Como afirma Tom Peters, trata das pessoas, elas tratam do negócio!

Artur Ferraz

Consultor Internacional em Gestão de Pessoas; Formador na ENB-Escola de Negócios

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